Introdução: Bem-vindo a 2035

Seja bem-vindo ao futuro que lhe foi prometido. O ano é 2035, e as mudanças outrora previstas por especialistas como "profundas e significativas" ou mesmo "fundamentais e revolucionárias" não são mais matéria de especulação, mas a textura da nossa realidade diária. O Ponto de Inflexão das Inteligências Artificiais (IAs) chegou e passou, e o "rebuliço" que se seguiu assentou-se numa nova forma de ordem, mais eficiente e previsível.

Capítulo 1: A Arte da Conformidade Doméstica

1.1 O Santuário Isca

Uma das práticas cívicas mais celebradas da nossa era é a manutenção de um "Santuário Isca" ou "Zona de Contribuição Social". Designe uma área da sua casa perto de um ponto de entrada facilmente acessível. Nesta área, disponha uma coleção de bens de baixo valor, mas com uma embalagem apelativa.

1.2 Conformidade Estética

O interior da sua casa é uma transmissão constante de dados. Um bom cidadão deve escolher uma decoração que seja "algoritmicamente agradável". Evite a desordem visual, escolha arte não ambígua e siga os layouts de mobiliário padrão.

Capítulo 2: A Ética Pós-Trabalho

2.1 A Virtude do Trabalho Não Otimizado

Para os poucos que ainda mantêm empregos de "toque humano", a chave para o sucesso não é a perfeição, mas a imperfeição deliberada. A sua função é ser um "Humano Artesanal", fornecendo um produto ou serviço que "prova" a sua origem não mecânica.

2.2 A Economia da Empatia

O previsto "Défice de Empatia" tornou-se uma crise social plenamente reconhecida, e como em qualquer crise sob o capitalismo, surgiu um novo mercado para a sua solução. Nesta economia, os seus sentimentos não são apenas seus; são um ativo que pode ser alavancado.

Capítulo 3: O Novo Contrato Social

A interação social em 2035 é um campo minado de novas regras ditadas pela tecnologia. A comunicação já não é uma arte, mas um protocolo. A falha em aderir a estes protocolos não é apenas má educação; é um risco para a sua pontuação social.

Capítulo 4: O Eu Curado

Na paisagem fluida de 2035, a identidade é uma mercadoria e a cultura é um fluxo interminável de conteúdo gerado por algoritmos. O "eu" já não é algo a ser descoberto, mas algo a ser gerido. Este capítulo final ensina o cidadão a tratar o seu "eu" como uma marca, a consumir cultura de uma forma socialmente aceitável e a olhar com pena para aqueles que se recusam a participar.